Havíamos tirado o dia para ficar juntos, sem fazer nada a não ser nos curtir. A tarde havia transcorrido maravilhosamente e, agora, caminhávamos lado a lado na orla de Grumari.
Ela estava descalça, de saia jeans e camiseta. Uma brisa refrescante trazia uma música suave, ao longe...
_ O mar é inebriante, não? Perguntou sorrido e concluindo em seguida, antes que eu pudesse responder.
_ É uma mistura de cheiros, sons e sensações imensa. É possível ficar horas aqui, só sentindo a energia boa que ele nos passa.
Eu sorri, assentindo com um movimento de cabeça e envolvendo-a em meus braços, enquanto ela apoiava as costas no meu peito, de frente para a arrebentação.
_ Que delícia ficar assim. Murmurou...
Uma leve sensação de euforia surgiu em meu peito. Ele parecia pequeno para tanto sentimento.
A brisa, a música, o barulho das ondas e o cheiro do mar, que se misturava ao nosso, criavam uma atmosfera de muita harmonia.
Virei seu rosto devagar. Nossos narizes se esbarraram, ao mesmo tempo em que os lábios, suavemente buscavam o beijo. Houve um toque macio quando, aos poucos, ele se desenhava. Pode parecer estranho, mas havia um algo quase inocente quando iniciávamos um beijo assim. Era muito suave e, ao mesmo tempo, bastante firme.
Minhas mãos deslizaram pelo lateral das suas costas, subindo pelo pescoço até se apoiarem em sua nuca. Ela se virou e eu a puxei mais para mim enquanto, pouco a pouco, ganhávamos calor e paixão.
Ficamos assim por um longo momento, como que em transe. Até que, em dado momento, minha boca escapou da sua e deslizou pelo pescoço, até chegar perto da orelha.
Minha voz estava trêmula, sussurrando o quanto a amava e o quanto aquele momento representava para mim.
O beijo havia causado uma tontura deliciosa e ambos nos apoiávamos um no outro.
Ela encostou um dedo em meus lábios e, também com a voz trêmula, falou bem baixinho, ao meu ouvido:
_ Shhhhhhh, não diga mais nada. Beije-me novamente...

Em um segundo o mar pareceu ter-se encolhido, tão distante quanto o barulho das ondas.