domingo, 27 de maio de 2007


Amanhecera havia pouco, quando cheguei à sua casa.
Entrei e aguardei alguns momentos na varanda, que dava para o jardim de margaridas, próximo à mesa do café cuidadosamente preparada para o desjejum.
Eu observava o jardim quando ela finalmente apareceu. Usava um vestido leve e tinha os cabelos molhados.
Senti o suave frescor da sua pele, quando ela se aproximou e beijou meu rosto.
Uma década de idade nos separava, quando fitávamos um ao outro, em silêncio.
Era difícil ler o que se passava em seu semblante. Ela parecia simplesmente aguardar...
Minha voz saiu rascante:
_O que espera de mim menina? Perguntei num rosnado. Ela realmente me perturbava..
_És uma garota, uma menina. Continuei a falar, enquanto o ar queimava a garganta de tão rouca que estava minha voz.
Ela aproximou-se sem tirar os olhos dos meus. A lembrança do beijo que déramos no dia anterior ainda me arrepiava de tanto que a desejava.
_ Eu já vivi bastante menina. Conheci muitas mulheres.
Seu olhar avançava sobre mim.
_ Já vi mulheres pedirem mais e eu não ter para dar. Assisti outras, implorarem para parar.

Sem me dar conta de que minhas mãos já estavam em sua nuca, puxando seus cabelos para trás, percebi a verdade. Eu não estava diante de uma menina, mas de uma mulher como poucas vezes conheci.
_Cachorra. Rosnei baixinho...
_Como acha que você se comportaria?
Estávamos muito próximos.
Uma brisa tocou meu ouvido, no mesmo instante em que sua voz foi percebida por ele.
_Não sei. Mas quero que você descubra...

Nenhum comentário: