terça-feira, 14 de abril de 2015


Algo diferente fora percebido desde o primeiro momento. E por mais que se esforçassem era impossível classificar.
Limitavam-se a sentir. E sentindo, conversavam, e conversando impregnavam-se da sensação que o dia a dia era pura arte em estado bruto. E ainda como arte, inclassificável em cores ou palavras.
Algumas vezes imaginavam-se como pintores, explodindo mil cores em sua tela, com todos as nuances, matizes e degradées possíveis, guiadas pela sensibilidade abstrata que explode em alguns pares de almas.
Outros momentos, quando poetas, por mais hábil e dedicada pena que tivessem, capazes de pontilhar em mil dialetos diferentes, ainda assim não a traduziam de forma completa. Tons e entonações eram insuficientes diante de profunda  abstração de sensibilidade.
Acontecia e era inevitável não acontecer mais e mais.
Do temporal mais inclemente que, carregado de ternura, cede ao sol nascente ou poente. Do amor incondicional que só o sangue da família carrega. Da amizade pura e serena, que profanada pela santidade visceral da carne os une no que ambos podem gerar de melhor: seus frutos.
Milhares deles. Seculares, milenares.
Sabidos em cores,  poesias e sabores forjados entre seus prazeres e suas dores.
São duas almas, delineadas por suas histórias e agora talhadas..
A quatro mãos.


Nenhum comentário: