terça-feira, 21 de julho de 2020



Eu não filtro sentimento. Mostro o que tenho, como tenho.
Sintomas de paixão são como cápsulas de coragem na admissão do amor. Prender sentimento é como respirar fundo e não soltar. Negar a expiração corrompe a mente e dá voz à dúvida. Não serve para mim.
Não me cabe esse tipo de amor assintomático.
É um desperdício de humanidade sentir e não mostrar. E é quase morte em vida sentir que quem te ama simplesmente não mostra, apesar do que sente.
Amar é mergulhar em águas profundas. É encarar pressão, ausência de luz e admitir que algo tem poder sobre você. Mesmo que de forma não concessiva...
Perceba a loucura: é um paradoxo brutal pensar que o homem inventa um foguete e caminha sobre a lua. Que cria artefatos e conquista o Everest.  Mas que as maiores fissuras marinhas foram reconhecidas por máquinas.
Águas profundas são assustadoras. São sugadoras de vida. É como olhar para o abismo e confrontar a possibilidade de rejeição.
E nossa condição humana rejeita a rejeição. Talvez por isso tantos se calem.
Penso bastante nessas coisas. E sou seguro de que tenho prazer em ir além da forma que sinto, para te entregar meu amor da forma como sabes percebê-lo. Porque só assim te fortaleço na crença de que o melhor vínculo se chama reciprocidade. Uma sintonia diáfana, mas capilar.
E se eu falar só por mim, eu varo nosso planeta num mergulho se souber que você está lá.

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