Conversávamos sérios, caminhando por um longo trecho. Você tinha os braços cruzados e buscava meus olhos, atenta, quando eu falava.
Estávamos tão absortos que mal percebíamos o quanto a rua estava agitada. Eram cenas desfocadas de gente fantasiada e brincando. Talvez Carnaval.
Mas apesar de contidos, você sorria com boca e olhar quando eu tocava seu antebraço, mostrando algo ao redor.
Curiosamente não havia som e, de repente, também não havia mais rua, e estávamos em casa. Estava muito escuro e incidia apenas um facho de luz sobre nós, como daqueles postes antigos em cenas de um filme em preto e branco. Em pé, rodopiamos devagar uma música lenta e triste. Você me beijou longamente com as mãos em meu rosto. Foi tão doce.
Senti seu tremor quando esvaneceu em meus braços.
Acordei apertando o travesseiro e me sentindo um cão farejador, buscando avidamente qualquer sinal da sua presença.
Já era manhã, mas sorri, ajeitei o travesseiro e adormeci.
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