quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 

Na tua mansidão eu jazia inquieto.
Um estalo, uns rabiscos...
E tua vibração me aborda no peito.
Aos solavancos, com sobressaltos,
Me atiçando, mas te acalmando
Na declamação do desconexo ar.
Nenhuma coreografia ensaiada. Poesia a dois corpos.
Evoluindo em espaço físico,
ignorando o ambiente ao redor.
Transformando lamento em vigor.
E o sutil comunga o febril.
Como se a elegância não pudesse rosnar. Como se a continuidade não pudesse cortar.
Nas batidas do coração. Na turbidez da falta de ar.
Na sedução do ventre em chamas.
...suspenso....
...arfante....
 (silêncio)
Exigi da tua delicadeza, ancestralidade, e te infestei da virulência viril.
E tu ainda mais primitiva e, portanto, ainda mais feminina.
Rito de passagem...
E na tua mansidão eu jazia em paz.

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