Sim, somos perfeitos.
E não há nada fora do lugar
Tudo parece milimetricamente concatenado
Entre mim e você.
Mas como todos os nossos semelhantes
Carregamos nosso melhor e pior.
Somos o ápice da escala evolucionária
E por isso não temos um predador natural.
Mas não devemos ser como eles
E predarmos um ao outro
Banqueteando-nos dos sonhos, alegrias, vontades
E desesperos alheios
Essa nossa selvageria humana
Brota de peitos antigos como o próprio tempo
São idiossincrasias terrenas
Inatas e imaculadas
Como o milagre da vida
Tão frequentemente consumido e desperdiçado.
E aí, no fim das contas
Não sobra muito mais que coragem
Conscientemente ou não
Melancólica e exultante.
Por isso afirmo
Sim, somos perfeitos
Por cultivar esse intenso amor
Nessa bandeja tão rasa chamada vida