Abri a garrafa de vinho e o escorri para dentro da taça,
tentando convencê-la de que, às vezes, tornar-se ligeiramente ébria era o que precisava para manter a sobriedade.
Algo que, para aquela noite, eu queria muito.
Havia uma sobreposição de rubor que passeava pelo tinto do
vinho, pelo batom que desenhava a boca e marcava o cristal, pelas unhas que
despretensiosamente seguravam a taça e que finalizava no leve tom avermelhado
das suas bochechas.
Contornada pela madrugada, era algo lindo de ver.
Ela abria um sorriso e eu, igualmente animado, a encorajava
a uma segunda taça, que a conduziria ao ponto em que eu me encontrava.
Naquela noite eu a desejava inebriada, mas na segurança da
sobriedade.
Querendo mais...
Entorpecida por tudo que eu nela agora estimulava, e alerta
ao que de mais íntimo desejava.
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