Estiquei o tapete no chão, já pensando que ele um dia iria
te abrigar. Pensamentos como esse me invadem com tanta frequência que acho que
já vivi aquilo que projetei. É quase a mentira perfeita, que, de tanto contar,
você acaba incorporando. Mas como não acredito em mentiras perfeitas, quando o
pensamento acaba, só resta o meu sorriso mais idiota na cara.
Quero me perder nas várias histórias que podemos ter. Saber
que você mal nasceu no chão de casa e eu já estou aqui, cultivando sua
existência comigo e, sem te perguntar, ou a ela, se topam se juntar a mim
quando fizer mais frio. Já imagino velas acesas ao redor, que eventualmente
podem chamuscar seus fios, e algumas pétalas espalhadas que vão tentar roubar o
perfume dela. Tem também o vinho, que fatalmente vai derramar, tingindo tudo de
vermelho.
Acho que você não gostaria de nada disso. E acredito que se
pudesse me diria: se você acha que vai me surrar a vida toda eu tô fora!
E eu o tranquilizaria sorrindo: ei mermão, calma. Você é a melhor
testemunha da maior cumplicidade do mundo. Não quer fazer parte disso? Olha...o
chamuscado, se acontecer, será a sua existência. O cheiro dela e das pétalas,
seu cobertor e o vinho derramado nosso convite a beber junto. Olha quantas bençãos.
Acho que você me lançaria aquele olhar de relance, junto com
um breve sorriso de convencimento e responderia: tá bom vai, traz ela pra gente
que as madrugadas frias serão pequenas. Vamos matar de inveja aquele tapete
mágico da outra história que só sabe voar...
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