sexta-feira, 28 de agosto de 2020




A chuva cai como um choro. 
Talvez, pelo tempo com que ficou represada ela escorre preguiçosa, quase em lamento.
Amo chuva. É incrível ver esse banho de água curativa que acena com vida para as árvores aqui de casa, deixando-as ainda mais verdes. 
Será que o mundo percebe isso?
Sorrio e me espreguiço. E sem querer esbarro em você, que está igualmente preguiçosa. 
Me vejo refletido em seu olhar, junto com a chuva, e me sinto protetor. Mais ainda...
Sei que sou assim e também sei que você não é de cristal. E não é só porque você gosta do tipo de toque sem modos que eventualmente trago, mas porque quer colocar o colete salva vidas em mim antes de pensar em si. 
Acho graça. Mas quando reflito, não me arrisco a dizer do que é feita.
A verdade é que me aperto na falta que sinto de você e do que podemos viver. Se cultivamos uma maturidade de colheita duradoura, que faz respeitar ciclos, foi porque assim semeamos. 
Tenho para mim, você não é de cristal. Mas eternamente será meu castelo de cartas. Meu objeto de maior cuidado, que eu construo todo dia mediante atenção, sem medo de tocar.
Bateu um ventinho mais frio. Mas isso não me incomoda. Tirei até a camisa para sentir melhor. 
A brisa cura igual a água e traz calmaria ao coração.
Ou será só você?...


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