Fico animado ao te ver assim séria, a me olhar com esses olhos atentos.
Traz uma serenidade penetrante, que contém meu gestual e relaxa minha respiração.
Me sinto imediatamente sorrateiro num cenário qualquer, de lugar algum, em um passado remoto. A luz tênue da lamparina se mistura ao cheiro de madeira e do óleo que dá vida à chama, recortando com calma o ambiente.
O quase invisível desenho da fumaça da vela nos abraça.
Lá fora, o vento assovia marcando presença. Talvez se afeiçoando aos vestígios do inverno.
Nessas horas teu beijo nasce profundo, exigente, apesar de praticamente sem querer. Chega de mansinho uma leve vertigem, que te afasta da noção de momento e conduz a algum estado de vigília, entre a mais tenra languidez e o alerta da prontidão.
Um leve estremecimento sinaliza tua surpresa que ele nasce assim, quando comigo. “Só com ele”...ecoa por detrás dos teus olhos fechados.
Por um segundo escorrego até o pé do teu ouvido e sussurro: sou o vento a desabrochar e despetalar tua flor
Carrego comigo teu perfume, quando de ti me afasto, e ajo em nome da natureza saindo por aí a perpetuar nosso amor.
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